Paulo César Olmedo

A Princesa abandonada

Era uma vez um reino muito distante, situado num dos extremos do planeta, na parte meridional, perto do Reino do Gelo, onde ali existia uma cidade muito bonita que até era chamada de Princesa. Tinha um clima diversificado e nos meses de inverno fazia muito frio e chovia muito, às vezes o rio que corria a seu lado invadia as terras do reino vizinho formando um grande mar de água doce, habitado pelos patos arminho, aqueles que têm uma penugem escura no pescoço, que são chamados erroneamente de cisnes do pescoço preto.

Pois é, aquele povoado cresceu e suas ruas foram pavimentadas, as casinhas deram lugar a prédios enormes, abriram muitas estalagens e o comércio era intenso. Porém era governado por uma matriarca, há muitos anos no poder. Seu povo era ordeiro e festeiro e tinha um conselho, composto de 21 membros, que não cobrava muito de sua Governante, que gostava de fazer grandes obras na esperança de um dia ocupar o lugar do Rei de todas as terras do sul. Deixou de cuidar de seu povo e do povoado. Aos poucos a aldeia foi ficando abandonada, suas ruas esburacadas, o capim começou a proliferar no meio das pedras e, verdadeiras crateras no pavimento afundado, colocavam em risco as carruagens que por elas trafegavam, causando enorme prejuízo a população, isso sem falar dos altos custos dos tributos que eram cobrados pelos serviços prestados, talvez um dos mais caros de todo o reino do sul e dos reinos vizinhos. Convém lembrar que o monarca do Reino, já tinha administrado o povoado em tempos passados, e ele aumentou todos os impostos na ânsia de arrecadar mais para seus cofres, tornando o imposto de cada casinha um dos mais altos do Reino todo, senão o maior.

Tinha um povoado vizinho, do outro lado do rio, em que todos os serviços prestados a comunidade estavam incluídos nesse imposto único, como os valores da iluminação das vias públicas e pela coleta do lixo entre outros, como também uma taxinha para auxiliar os soldados do fogo, que protegem nossas casas para não serem consumidas pelo fogo. Bem, na Princesinha do Sul isso não era assim, o Conselho, aquele composto por 21 membros subservientes a Matriarca, aprovava tudo que ela pedia e, criavam mais e mais impostos, usando outros termos, como taxas e tarifas, para ludibriar o povo, penalizando mais e mais uma população tão sofrida. Até a Luz da rua era paga pelo povo, mesmo naquelas vias que não tinham luminárias na frente de suas casas. Ah, tinha até a taxa do lixeiro, que era cobrada onde não existia lixo, principalmente nos terrenos vazios, só porque a carruagem passava na frente.

Pois bem, sabemos que viver naquele cantinho de terra tão inóspita, fria e molhada era para aqueles que amavam seu pedacinho de chão e gostavam que ele fosse bem cuidado, que o básico fosse feito pelos seus governantes, como tapar buracos, capinar os meios fios e cuidar das árvores cobertas de invasoras, mas não tinham mais esperança. Era um povo teimoso e persistente, que estava sucumbindo de tristeza, esperando dias melhores, por isso resolveram ir na praça protestar e defronte o Palácio pediram menos buracos, menos taxas, menos tarifas e menos impostos, foi quando, a pedido da Matriarca, os lanceiros do Rei chegaram, capitaneados pelo próprio Monarca e criaram mais um imposto: o da manifestação e quem não pagasse seria preso.

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